sábado, 12 de maio de 2012

"E ao lado estavam os pigmentos, cujos os nomes Mo sempre tinha que repetir. "Diga os nomes das cores mais uma vez!" Quantas vezes ela não o importunara com esse pedido, porque não conseguia se cansar da sua sonoridade: ouro-pigmento, azul de lápis-lazúli, violeta e verde malaquita. "Como elas ainda brilham tanto, Mo?", ela perguntara. "São tão velhas! Do que são feitas?" E Mo lhe explicara como eram produzidos todos aqueles pigmentos maravilhosos, que, mesmo depois de centenas de anos, ainda brilhavam como se tivessem sido roubados do arco-íris, porque as páginas do livro os protegiam da luz e do ar. Que, para o verde malaquita, maceravam-se as pétalas da íris selvagem e as misturavam ao óxido de chumbo amarelo, que o vermelho era feito de moluscos e piolhos... Quantas vezes não haviam olhado juntos as imagens num dos magníficos manuscritos que Mo precisara libertar da sujeira de muitos anos. "Veja só que gavinhas delicadas!", ele dizia então. "Você consegue imaginar quão finos os pincéis e as penas tinham que ser para pintar algo assim, Meggie?"."
Cornelia Funke, Sangue de Tinta

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